Osvaldo
Coelho classifica adutoras como caminho mais rápido para levar água ao
sertanejo, e solta o verbo contra a PPP do Pontal que é um modelo
ingrato e sinônimo de latifúndio
O
ex-deputado federal Osvaldo Coelho, que completa neste sábado, dia 24
de agosto, 82 anos, faz um relato indignado sobre o mau aproveitamento
dos açudes e barragens construídas em todo o Sertão nordestino e aponta a
implantação de adutoras como forma correta de fazer a estiagem ser
sentida menos pelos sertanejos.
“A
gente tem que reconhecer que toda obra de açudagem feita na região
Nordeste foi desmoralizada pela seca que antes eram pontuais e agora
passam a ser emendadas. A seca tem sido maior que o nosso esforço e por
isso justifica hoje as adutoras sair do São Francisco”, salientou o
ex-deputado.
Critico
da Transposição que considera um equivoco Dr. Osvaldo enxerga nos
ramais da obra para encher as barragens que margeiam o seu canal
principal um ponto positivo. “Mesmo considerando essa Transposição um
equivoco, uma parte dela é positiva que são as adutoras que levarão água
para Serra Talhada, o Pajeú, chegando ao Agreste. Isso ai é louvável.
Não posso deixar de louvar o certo”, arrematou.
Dr.
Osvaldo toca em outro assunto delicado: a Parceria Público Privada do
Projeto Pontal (PPP). O ex-deputado reforça sua crítica contra o modelo
que deixa de ser os invejados já implantados nos perímetros irrigados
que colocaram Petrolina como 3º PIB agropecuário do Pais entre os quase 6
mil municípios brasileiros.
“Existe
um trabalho do Pontal ingrato. Fizeram um pacto com os antigos
habitantes da região, anunciando pra eles terra molhada e ofereceram
terra de sequeiro. Eu não sei nem classificar uma ignomínia dessa. A
pessoa sonhar com terra irrigada e depois dizer não você vai continuar
no sequeiro, ora no sequeiro miseravelmente ele já vive. Abrir mão da
terra dele, com todo esforço, com desamor porque tinha a expectativa da
terra molhada. Podia até não chegar para todos, mas que chegasse para
alguns”, contemporizou o ex-parlamentar petrolinense que teve na
irrigação uma de suas principais bandeiras.
Osvaldo
Coelho acrescenta o modelo irrigado implantado há mais de 30 anos em
Petrolina é considerado vitorioso, não teria necessidade muda, tanto que
tem o reconhecimento de ser a melhor reforma agrária do País, porque
distribui terras do governo para familiares e para pequenas empresas
“É
pegar ele que é caboclo que é operário e transformar em proprietário,
dando as condições. Se você for ao Nilo Coelho tem pequenos produtores
muito bem de vida, técnicos agrícolas, agrônomos, todos realizados. E o
que fizeram no Pontal, anunciou o modelo para quase 500 famílias, alguns
empresários, ai rasgam esse pacto e transforma num latifundiário. Isso é
uma estupidez e num governo que se diz de esquerda, que se diz
socialista, mas pratica o maior neo capitalismo já visto, a coisa mais
extravagante e estúpida do que se pode imaginar”, alfinetou Dr.Osvaldo.
E
o ex-deputado coloca a questão do Pontal na ordem do dia das
manifestações atuais no Brasil e na região de forma especifica e alerta
que esse modelo não vai resistir.
”Isso
ai não vai durar não. Essa doação desse latifúndio ai não vai resistir
quando o vale acordar lá no (açude) Vira Beiju e no Uruás. Quando eles
acordarem, vão reagir e o governo não vai ter resposta. Eu sei que um
dia desses ali o vale vai acordar. Vai acordar por que é que parou a
irrigação, por que não vão botar o canal de derivação do Vira Beiju, por
que é que tomaram as terras dos pequenos para dar ao grande. Essas são
coisas que devem levar o vale acordar, coisas que tenha conteúdo, que
tenham repercussão e eu sei que vai acordar, acordar democraticamente,
sem devastação, mas com consciência que não aceita usurpação. Eu
acredito nisso”, concluiu Osvaldo Coelho.