quinta-feira, 12 de maio de 2016

Após Dilma, Temer é notificado sobre afastamento

O Globo
O vice-presidente Michel Temer foi notificado às 11h20 do afastamento de Dilma Rousseff, no momento em que ela fazia um pronunciamento sobre o processo de impeachment. A notificação foi realizada pelo senador Vicentinho Alves.
Michel Temer marcou para 15h desta quinta-feira a posse de ministros de seu governo, no Palácio do Planalto. Depois, fará uma declaração à imprensa. Ainda hoje, ele terá seu primeiro compromisso público fora do Planalto: irá à posse do ministro do STF, Gilmar Mendes, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), às 19h.
Mais cedo, Dilma foi notificada sobre a decisão do Senado em clima de tristeza, segundo fontes do Senado. Em seguida, fez um pronunciamento no Palácio do Planalto. Ela voltou a chamar a abertura do processo de impeachment de golpe, e disse que pretende lutar para exercer seu mandato até o fim.
“O que está em jogo não é apenas o meu mandato, o que está em jogo é o respeito às urnas”, disse a presidente.
Com a nomeação dos deputados Mendonça Filho, Bruno Araújo e Raul Jungmann para ministros de Educação, Cidades e Defesa do Governo Temer três suplentes assumem seus mandatos na Câmara: Creuza Pereira, ex-prefeita de Salgueiro, Severino Ninho, ex-prefeito de Igarassu, e Guilherme Coelho, ex-prefeito de Petrolina.


Barbosa: Temer não tem legitimidade para conduzir País

Após o Senado votar pela admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa questionou a maneira como o processo foi conduzido e, embora tenha admitido que Dilma falhou como presidente, disse que Michel Temer não tem legitimidade para governar o País. Para ele, o ideal seria que novas eleições fossem convocadas, mas admitiu que dificilmente o STF aprovaria algo desse tipo.
Barbosa participou nesta quinta-feira, 12, de evento em São Paulo, para o qual foi convidado para discorrer sobre as instituições brasileiras. Afirmou ter sido uma coincidência o evento ter caído no mesmo dia em que o Senado votou o processo de impeachment. Aproveitou, portanto, para fazer algumas provocações aos parlamentares.
"Tenho sérias dúvidas quanto à integridade e à adequação desse processo pelo motivo que foi escolhido. Se a presidente tivesse sendo processada pelo Congresso por sua cumplicidade e ambiguidade em relação à corrupção avassaladora mostrada no País nos últimos anos, eu não veria nenhum problema. Mas não é isso que está em causa", afirmou.
Para Barbosa, o descumprimento de regras orçamentárias, principal motivo apontado no pedido de impeachment, não é forte o suficiente para afastar um presidente. "Temos um problema sério de proporcionalidade, pois a irresponsabilidade fiscal é o comportamento mais comum entre nossos governantes em todas as esferas. Vejam a penúria financeira dos nossos Estados, o que é isso senão fruto da irresponsabilidade orçamentária dos governadores", provocou.
O ex-ministro reconheceu que, "do ponto de vista puramente jurídico", o impeachment pode ser justificado, mas disse que tem "dúvidas muito sinceras" quanto à sua "justeza e ao acerto político que foi tomado para essa decisão". "O impeachment é a punição máxima a um presidente que cometeu um deslize funcional gravíssimo. Trata-se de um mecanismo extremo, traumático, que pode abalar o sistema político como um todo, pode provocar ódio e rancores e tornar a população ainda mais refratária ao próprio sistema político", alertou Barbosa.
Ele também não poupou críticas a Dilma Rousseff. Para ele, a petista não soube conduzir o País, não soube se comunicar com a população, fez péssimas escolhas e limitou-se a governar para seu grupo político e aliados de ocasião. "Não digo que ela compactuou abertamente com segmentos corruptos em seu governo, em seu partido e em sua base de apoio, mas se omitiu, silenciou-se, foi ambígua e não soube se distanciar do ambiente deletério que a cercava, não soube exercer comando e acabou engolida por essa gente", disse.
Apesar das críticas a Dilma, Barbosa afirmou que Temer não tem legitimidade para governar o Brasil. "É muito grave tirar a presidente do cargo e colocar em seu lugar alguém que é seu adversário oculto ou ostensivo, alguém que perdeu uma eleição presidencial ou alguém que sequer um dia teria o sonho de disputar uma eleição para presidente. Anotem: o Brasil terá de conviver por mais 2 anos com essa anomalia", afirmou o ex-ministro, que também criticou o PSDB. "É um grupo que, em 2018, completará 20 anos sem ganhar uma eleição".
A solução, disse Barbosa, seria a convocação de novas eleições. "Eliminaria toda essa anomalia e o mal estar com o qual seremos obrigados a conviver nos próximos dois anos". Admitiu, no entanto, que provavelmente o STF rejeitaria a aprovação no Congresso de uma emenda constitucional para a convocação de novas eleições. Diante disso, afirmou que Dilma deveria ter renunciado há alguns meses, sob a condição de que Temer fizesse o mesmo e, assim, o Congresso fosse obrigado a convocar novas eleições, sem necessidade de emendas.
Ao fim de sua palestra, Barbosa ressaltou que está preocupado com o futuro das instituições brasileiras. "Eu me pergunto se esse impeachment não resultará em golpe certeiro em nossas instituições, eu me pergunto se elas não sairão fragilizadas, imprestáveis", questionou. "E vai aqui mais uma provocação: quem, na perspectiva de vocês, vai querer investir em um País em que se derruba presidente com tanta ligeireza, com tanta facilidade e com tanta afoiteza? Eu deixo essa reflexão a todos", concluiu.

Temer divulga lista oficial de ministros

O presidente interino Michel Temer (PMDB) já escolheu sua equipe de governo. No total, serão 21 ministérios. Confira a lista:
Gilberto Kassab – ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
Raul Jungmann – ministro da Defesa
Romero Jucá – Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Geddel Vieira Lima – ministro-chefe da Secretaria de Governo
Sérgio Etchegoyen – ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
Bruno Araújo – ministro das Cidades
Blairo Maggi – ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Henrique Meirelles – ministro da Fazenda
Mendonça Filho – ministro da Educação e Cultura
Eliseu Padilha – ministro-chefe da Casa Civil
Osmar Terra – ministro do Desenvolvimento Social e Agrário
Leonardo Picciani – ministro do Esporte
Ricardo Barros – ministro da Saúde
José Sarney Filho – ministro do Meio Ambiente
Henrique Alves – ministro do Turismo
José Serra – ministro das Relações Exteriores
Ronaldo Nogueira de Oliveira – ministro do Trabalho
Alexandre de Moraes – ministro da Justiça e Cidadania
Mauricio Quintella – ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil
Fabiano Augusto Martins Silveira – ministro da Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU)
Fábio Osório Medina – AGU

Ex-ministros temem garras de Sérgio Moro

Com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, após a aprovação da admissibilidade do processo pelo Senado Federal na madrugada desta quinta-feira (12), por 55 votos favoráveis e 22 contrários, os ministros petistas temem a perda do foro privilegiado.
Com a decisão, os ex-ministros Jaques Wagner (Secretaria de Governo), Edinho Silva (Secretaria de Comunicações) e Aloizio Mercadante (Educação), todos mencionados em delações premiadas da Operação Lava Jato, serão julgados pelo juiz federal Sérgio Moro, implacável no combate à corrupção.
Além deles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na mira do magistrado. Sem foro privilegiado, todos temem responder às denúncias em Curitiba, sede da Operação.

Cunha sobre saída de Dilma: Antes tarde do que nunca

O deputado e presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu às declarações da presidente Dilma Rousseff, afastada provisoriamente nesta quinta-feira, 12, pelo Senado. Ao deixar o Palácio do Planalto, a petista acusou o peemedebista de ter dado início ao processo de impeachment por "vingança". Em um breve comentário nas redes sociais, Cunha não se estendeu na resposta. "Boa tarde a todos. Apenas uma frase: antes tarde do que nunca", escreveu.
Cunha está suspenso do mandato há uma semana por determinação do Supremo Tribunal Federal. O deputado continua ocupando a residência oficial da Câmara e aguarda uma posição da Mesa Diretora para definir quais das prerrogativas de presidente da Casa serão mantidas.
Enquanto isso, Cunha recebe políticos na residência e acompanha longe dos corredores do Congresso a tentativa dos partidos de destituir o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), do posto de interino. Não há perspectiva de quando o peemedebista reassumirá o mandato.

sábado, 7 de maio de 2016

Cunha manobrou até o fim para evitar afastamento

Folha de S.Paulo - Ranier Bragon
Afastado do mandato e da presidência da Câmara na quinta (5) pelo Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) usou até o último momento do poder que tinha para barrar medidas que poderiam resultar em sua saída do cargo.
Em uma ação que confronta a praxe legislativa dos órgãos técnicos da Câmara, Cunha barrou na estaca zero a tramitação de quatro projetos de resolução que propunham mudanças no regimento da Casa para determinar o afastamento do cargo daqueles que respondam a processo de cassação ou sejam réus em ação no STF —exatamente a situação do peemedebista.
A prática comum na Secretaria-Geral da Casa é a de, ao receber projetos de resolução apresentados pelos deputados, despachá-los para sua tramitação normal em um prazo de cerca de uma semana.
Os quatro projetos que poderiam atingir Cunha, porém, dormitam à espera do carimbo burocrático de liberação há 82, 60, 54 e 32 dias, respectivamente.
Para efeito de comparação: todos os outros 20 projetos de resolução apresentados por deputados em 2016 até a última quarta-feira (4), e que tratam de temas diversos, foram liberados para tramitação em um prazo médio de 8 dias cada um.
Os projetos represados pelo comando da Câmara foram apresentados pelos deputados Sérgio Vidigal (PDT-ES), em 16 de fevereiro, Fausto Pinato (PP-SP), em 9 de março, Érika Kokay, em 15 de março, e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), em 6 de abril.
O de Vasconcelos, por exemplo, diz que, recebida a denúncia pelo Supremo Tribunal Federal contra deputado membro da Mesa, ele "será ele afastado imediatamente do cargo enquanto durar o processo".

Seguidores