quinta-feira, 12 de maio de 2016

Após Dilma, Temer é notificado sobre afastamento

O Globo
O vice-presidente Michel Temer foi notificado às 11h20 do afastamento de Dilma Rousseff, no momento em que ela fazia um pronunciamento sobre o processo de impeachment. A notificação foi realizada pelo senador Vicentinho Alves.
Michel Temer marcou para 15h desta quinta-feira a posse de ministros de seu governo, no Palácio do Planalto. Depois, fará uma declaração à imprensa. Ainda hoje, ele terá seu primeiro compromisso público fora do Planalto: irá à posse do ministro do STF, Gilmar Mendes, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), às 19h.
Mais cedo, Dilma foi notificada sobre a decisão do Senado em clima de tristeza, segundo fontes do Senado. Em seguida, fez um pronunciamento no Palácio do Planalto. Ela voltou a chamar a abertura do processo de impeachment de golpe, e disse que pretende lutar para exercer seu mandato até o fim.
“O que está em jogo não é apenas o meu mandato, o que está em jogo é o respeito às urnas”, disse a presidente.
Com a nomeação dos deputados Mendonça Filho, Bruno Araújo e Raul Jungmann para ministros de Educação, Cidades e Defesa do Governo Temer três suplentes assumem seus mandatos na Câmara: Creuza Pereira, ex-prefeita de Salgueiro, Severino Ninho, ex-prefeito de Igarassu, e Guilherme Coelho, ex-prefeito de Petrolina.


Barbosa: Temer não tem legitimidade para conduzir País

Após o Senado votar pela admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa questionou a maneira como o processo foi conduzido e, embora tenha admitido que Dilma falhou como presidente, disse que Michel Temer não tem legitimidade para governar o País. Para ele, o ideal seria que novas eleições fossem convocadas, mas admitiu que dificilmente o STF aprovaria algo desse tipo.
Barbosa participou nesta quinta-feira, 12, de evento em São Paulo, para o qual foi convidado para discorrer sobre as instituições brasileiras. Afirmou ter sido uma coincidência o evento ter caído no mesmo dia em que o Senado votou o processo de impeachment. Aproveitou, portanto, para fazer algumas provocações aos parlamentares.
"Tenho sérias dúvidas quanto à integridade e à adequação desse processo pelo motivo que foi escolhido. Se a presidente tivesse sendo processada pelo Congresso por sua cumplicidade e ambiguidade em relação à corrupção avassaladora mostrada no País nos últimos anos, eu não veria nenhum problema. Mas não é isso que está em causa", afirmou.
Para Barbosa, o descumprimento de regras orçamentárias, principal motivo apontado no pedido de impeachment, não é forte o suficiente para afastar um presidente. "Temos um problema sério de proporcionalidade, pois a irresponsabilidade fiscal é o comportamento mais comum entre nossos governantes em todas as esferas. Vejam a penúria financeira dos nossos Estados, o que é isso senão fruto da irresponsabilidade orçamentária dos governadores", provocou.
O ex-ministro reconheceu que, "do ponto de vista puramente jurídico", o impeachment pode ser justificado, mas disse que tem "dúvidas muito sinceras" quanto à sua "justeza e ao acerto político que foi tomado para essa decisão". "O impeachment é a punição máxima a um presidente que cometeu um deslize funcional gravíssimo. Trata-se de um mecanismo extremo, traumático, que pode abalar o sistema político como um todo, pode provocar ódio e rancores e tornar a população ainda mais refratária ao próprio sistema político", alertou Barbosa.
Ele também não poupou críticas a Dilma Rousseff. Para ele, a petista não soube conduzir o País, não soube se comunicar com a população, fez péssimas escolhas e limitou-se a governar para seu grupo político e aliados de ocasião. "Não digo que ela compactuou abertamente com segmentos corruptos em seu governo, em seu partido e em sua base de apoio, mas se omitiu, silenciou-se, foi ambígua e não soube se distanciar do ambiente deletério que a cercava, não soube exercer comando e acabou engolida por essa gente", disse.
Apesar das críticas a Dilma, Barbosa afirmou que Temer não tem legitimidade para governar o Brasil. "É muito grave tirar a presidente do cargo e colocar em seu lugar alguém que é seu adversário oculto ou ostensivo, alguém que perdeu uma eleição presidencial ou alguém que sequer um dia teria o sonho de disputar uma eleição para presidente. Anotem: o Brasil terá de conviver por mais 2 anos com essa anomalia", afirmou o ex-ministro, que também criticou o PSDB. "É um grupo que, em 2018, completará 20 anos sem ganhar uma eleição".
A solução, disse Barbosa, seria a convocação de novas eleições. "Eliminaria toda essa anomalia e o mal estar com o qual seremos obrigados a conviver nos próximos dois anos". Admitiu, no entanto, que provavelmente o STF rejeitaria a aprovação no Congresso de uma emenda constitucional para a convocação de novas eleições. Diante disso, afirmou que Dilma deveria ter renunciado há alguns meses, sob a condição de que Temer fizesse o mesmo e, assim, o Congresso fosse obrigado a convocar novas eleições, sem necessidade de emendas.
Ao fim de sua palestra, Barbosa ressaltou que está preocupado com o futuro das instituições brasileiras. "Eu me pergunto se esse impeachment não resultará em golpe certeiro em nossas instituições, eu me pergunto se elas não sairão fragilizadas, imprestáveis", questionou. "E vai aqui mais uma provocação: quem, na perspectiva de vocês, vai querer investir em um País em que se derruba presidente com tanta ligeireza, com tanta facilidade e com tanta afoiteza? Eu deixo essa reflexão a todos", concluiu.

Temer divulga lista oficial de ministros

O presidente interino Michel Temer (PMDB) já escolheu sua equipe de governo. No total, serão 21 ministérios. Confira a lista:
Gilberto Kassab – ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
Raul Jungmann – ministro da Defesa
Romero Jucá – Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Geddel Vieira Lima – ministro-chefe da Secretaria de Governo
Sérgio Etchegoyen – ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
Bruno Araújo – ministro das Cidades
Blairo Maggi – ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Henrique Meirelles – ministro da Fazenda
Mendonça Filho – ministro da Educação e Cultura
Eliseu Padilha – ministro-chefe da Casa Civil
Osmar Terra – ministro do Desenvolvimento Social e Agrário
Leonardo Picciani – ministro do Esporte
Ricardo Barros – ministro da Saúde
José Sarney Filho – ministro do Meio Ambiente
Henrique Alves – ministro do Turismo
José Serra – ministro das Relações Exteriores
Ronaldo Nogueira de Oliveira – ministro do Trabalho
Alexandre de Moraes – ministro da Justiça e Cidadania
Mauricio Quintella – ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil
Fabiano Augusto Martins Silveira – ministro da Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU)
Fábio Osório Medina – AGU

Ex-ministros temem garras de Sérgio Moro

Com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, após a aprovação da admissibilidade do processo pelo Senado Federal na madrugada desta quinta-feira (12), por 55 votos favoráveis e 22 contrários, os ministros petistas temem a perda do foro privilegiado.
Com a decisão, os ex-ministros Jaques Wagner (Secretaria de Governo), Edinho Silva (Secretaria de Comunicações) e Aloizio Mercadante (Educação), todos mencionados em delações premiadas da Operação Lava Jato, serão julgados pelo juiz federal Sérgio Moro, implacável no combate à corrupção.
Além deles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na mira do magistrado. Sem foro privilegiado, todos temem responder às denúncias em Curitiba, sede da Operação.

Cunha sobre saída de Dilma: Antes tarde do que nunca

O deputado e presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu às declarações da presidente Dilma Rousseff, afastada provisoriamente nesta quinta-feira, 12, pelo Senado. Ao deixar o Palácio do Planalto, a petista acusou o peemedebista de ter dado início ao processo de impeachment por "vingança". Em um breve comentário nas redes sociais, Cunha não se estendeu na resposta. "Boa tarde a todos. Apenas uma frase: antes tarde do que nunca", escreveu.
Cunha está suspenso do mandato há uma semana por determinação do Supremo Tribunal Federal. O deputado continua ocupando a residência oficial da Câmara e aguarda uma posição da Mesa Diretora para definir quais das prerrogativas de presidente da Casa serão mantidas.
Enquanto isso, Cunha recebe políticos na residência e acompanha longe dos corredores do Congresso a tentativa dos partidos de destituir o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), do posto de interino. Não há perspectiva de quando o peemedebista reassumirá o mandato.

sábado, 7 de maio de 2016

Cunha manobrou até o fim para evitar afastamento

Folha de S.Paulo - Ranier Bragon
Afastado do mandato e da presidência da Câmara na quinta (5) pelo Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) usou até o último momento do poder que tinha para barrar medidas que poderiam resultar em sua saída do cargo.
Em uma ação que confronta a praxe legislativa dos órgãos técnicos da Câmara, Cunha barrou na estaca zero a tramitação de quatro projetos de resolução que propunham mudanças no regimento da Casa para determinar o afastamento do cargo daqueles que respondam a processo de cassação ou sejam réus em ação no STF —exatamente a situação do peemedebista.
A prática comum na Secretaria-Geral da Casa é a de, ao receber projetos de resolução apresentados pelos deputados, despachá-los para sua tramitação normal em um prazo de cerca de uma semana.
Os quatro projetos que poderiam atingir Cunha, porém, dormitam à espera do carimbo burocrático de liberação há 82, 60, 54 e 32 dias, respectivamente.
Para efeito de comparação: todos os outros 20 projetos de resolução apresentados por deputados em 2016 até a última quarta-feira (4), e que tratam de temas diversos, foram liberados para tramitação em um prazo médio de 8 dias cada um.
Os projetos represados pelo comando da Câmara foram apresentados pelos deputados Sérgio Vidigal (PDT-ES), em 16 de fevereiro, Fausto Pinato (PP-SP), em 9 de março, Érika Kokay, em 15 de março, e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), em 6 de abril.
O de Vasconcelos, por exemplo, diz que, recebida a denúncia pelo Supremo Tribunal Federal contra deputado membro da Mesa, ele "será ele afastado imediatamente do cargo enquanto durar o processo".

Sílvio Costa ataca "pseudos paladinos da moralidade"

O vice-líder do Governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB) usou sua página pessoal no Facebook para criticar os "pseudos paladinos da ética e da moralidade" que elegeram Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidir a Câmara Federal e que agora, com o seu afastamento do mandato por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), se mostram indignados com o peemedebista.
"Vejo, agora, muitos desses deputados que fizeram campanha e elegeram Cunha presidente da Casa – apenas para derrotar o candidato de Dilma -, colocarem-se como opositores daquele que era visto como o que tinha condições de derrubar a presidenta da República. Lamento que a política tenha sido usada de forma tão pequena, a ponto de causar tantos danos ao País", escreveu Silvio.
"Vejo, agora, deputados – antes aliados de Cunha – apresentarem-se como combatentes do presidente da Câmara, o que não foram até que as primeiras denúncias contra Cunha aparecessem na imprensa. Apresentam-se como paladinos da moralidade, na verdade, pseudos paladinos da moralidade", completou em seguida.
"Quem elegeu Cunha foram os que agora posam de pseudos paladinos da ética e da moralidade. Não podem dizer que não sabiam sobre Cunha. Se não sabiam, foram avisados a tempo de não elegê-lo. Cunha servia, porém, para atingir o objetivo final: derrubar a presidente Dilma", afirmou o trabalhista no texto.     (Do Portal Pernambuco 247)

PSDB: Eduardo Cunha não volta mais

Ilimar Franco - O Globo
Os principais líderes do PSDB começaram a negociar a sucessão do presidente da Câmara. Eles concluíram que o afastamento de Eduardo Cunha é definitivo. O nJulgamento da ação penal contra ele deve cair na vala comum da morosidade do Poder Judiciário. Vai demorar anos para que o mérito seja analisado.
Os tucanos já têm até um candidato preferencial, o líder do PSD, Rogério Rosso (foto), que presidiu a Comissão do Impeachment. Mas os tucanos não sabem ainda qual a posição do PMDB sobre a sucessão de Cunha. Na montagem do governo Temer, o PMDB teria a presidência das duas Casas e os líderes do governo seriam das legendas aliadas. Na Câmara, o nome mais forte é o do deputado Rodrigo Maia (DEM).  
Os entendimentos com o Blocão (PP, PSD, PTB, SD e PSC) já estão em curso. Seus integrantes estão constrangidos, pois são os principais aliados de Cunha. Mesmo assim, estão conversando com os tucanos. No Blocão, o principal nome é o do líder do PTB, deputado Jovair Arantes Arantes. Esses entendimentos estão sendo acompanhados pelos conselheiros do presidente eleito. Temer quer um presidente da Casa que seja capaz de colocar para votar e agenda emergencial de seu governo.
Os líderes também não sabem qual a postura e a atitude que serão adotadas por Eduardo Cunha. A realização de eleições depende de vacância do cargo. Cunha entende que isso não ocorreu e, portanto, é incabível um novo pleito. Argumenta que a vacância somente ocorre com a condenação ou a morte do titular. Esse não seria o caso agora, pois a Constituição não prevê vacância em caso de suspensão ou afastamento do mandato. Mas nunca é demais lembrar que o STF tem sido muito criativo ao aplicar a Constituição.

Senadores divergem sobre impeachment de Dilma






Os Senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Paulo Rocha (PT-PA) divergem sobre impeachment de Dilma
O jornal Folha de S. Paulo convidou dois senadores a opinarem se concordam ou não se o Senado deve instaurar processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. 
Para o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), a denúncia apresentada perante a Câmara é clara: Dilma está sendo acusada da prática de condutas ilegais que atentaram contra a responsabilidade fiscal, as leis orçamentárias e o devido emprego do dinheiro público. 
Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), porém, não há motivos para o impedimento da presidente. Segundo ele, “querem acabar com um governo que tomou a decisão política de priorizar as demandas e necessidades das classes mais necessitadas, rompendo com a lógica vigente há 500 anos”. (Folha de S. Paulo)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Haddad impediu Maluf de sair da Lista da Interpol

Um grande não da prefeitura paulistana do petista e ex-aliado Fernando Haddad impediu que deputado federal progressista Paulo Maluf deixasse a lista de procurados da Interpol. Segundo  o Painel da Folha, comunicações oficiais feitas no processo que corre na Promotoria de Nova York mostram que advogados da família Maluf tentaram, sem sucesso, convencer o município a receber depois uma dívida de US$ 22 milhões relativa a desvios de quando o político administrava a cidade.ad imped
O acordo, diz o jornal, abriria espaço para suspender o alerta vermelho. Em um dos trechos do processo, obtido pela coluna, um advogado ligado à família Maluf pede para a prefeitura “persuadir” as autoridades americanas. Procurado, Haddad não quis comentar “assunto sigiloso”; Maluf disse não estar “a par”. O município espera receber este ano outros US$ 25 milhões.

Vetados R$ 100 milhões de publicidade da Presidência

Gilmar Mendes se manifesta sobre a MP 722, que causou reação no Congresso
O Globo - Cristiane Jungblut
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes concedeu neste domingo liminar suspendendo um crédito extra de R$ 100 milhões destinado à publicidade da Presidência. Mas manteve a verba de R$ 80 milhões para o Ministério do Esporte, destinada à implantação de Infraestrutura para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Gilmar atendeu a pedido do partido Solidariedade, que pedia a suspensão de todo o crédito extraordinário de R$ 180 milhões. O crédito foi liberado na Medida Provisória 722 e causou reação no Congresso.
Na sexta-feira, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) aproveitou audiência no Senado com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para pedir a revogação da MP, alegando que não era correto liberar verba de publicidade em pleno processo de impeachment. O ministro Gilmar disse ao GLOBO que não se pode banalizar a edição de medidas provisórias, principalmente 

Senadores anti-Dilma aprovaram gastos extras dela

Folha de S.Paulo - Dimmi Amora
Quase metade dos 51 senadores que declaram que a presidente Dilma Rousseff deve ser afastada por crimes contra o orçamento liberou a petista para gastar além do autorizado pelo Congresso. Levantamento da Folha mostra que 24 desses senadores votaram em 2014 ou em 2015 a favor da mudança da meta fiscal. Nesses dois anos, o Congresso aprovou orçamentos em que o superávit primário (receita menos despesas, descontado o pagamento de juros) deveria ser superior a R$ 150 bilhões.
A mudança autorizou Dilma a fazer o oposto: dois déficits que, somados, chegaram a R$ 137 bilhões.
Essa autorização legislativa é um dos argumentos do governo para desqualificar uma das duas denúncias em que Dilma foi enquadrada: assinatura de decretos de suplementação orçamentária no ano de 2015.
Os acusadores apontam que esses decretos foram ilegais porque, quando assinados, o governo já sabia que não conseguiria fazer a economia prometida e por isso encaminhara projeto de lei para alterar a meta. A denúncia diz que os atos ocorreram em 2014 e 2015, mas o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), só aceitou a denúncia em relação a 2015. O governo afirma que os decretos não alteram a meta fiscal do ano e, mesmo que alterassem, o Congresso ratificou o ato de Dilma ao mudar a meta.
O relator do processo na Câmara, Jovair Arantes (PTB-GO), ao analisar o argumento do governo, disse que o envio de projeto de lei mudando a meta não afastaria a necessidade de aguardar sua aprovação para a abertura de despesa nova. Por isso, considerou que Dilma cometeu crime de responsabilidade.
Em 3 de dezembro de 2015, quando a nova meta foi votada, Arantes era líder da bancada de quatro partidos (PTB, PP, PSC e PHS) e nem chegou a mencionar tal fato. A nova meta foi aprovada por 314 deputados e 46 senadores.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não pôde repetir seu voto dado em 2014 para aprovar a nova meta fiscal. No momento da votação, ele chegava à Câmara para anunciar que estava abrindo o processo de impeachment da presidente baseado em sua suposta irresponsabilidade fiscal.
Em 2014, o relator do projeto foi outro que hoje defende a saída de Dilma: o senador Romero Jucá (PMDB-RR). "A alteração da meta afigura-se, antes de tudo, consequência de decisões que já adotamos ao longo deste e dos últimos dois ou três exercícios", afirmou Jucá, ex-líder do governo, citando benesses dadas pelo governo como desonerações e políticas sociais.
Marta Suplicy (PMDB-SP), que é ex-petista, nega mudança de posição e afirma que as votações "não convalidam os atos da Presidência" e que, se a mudança não fosse feita, "agravaria ainda mais a dívida pública, os resultados seriam desastrosos".
Simone Tebet (PMDB-MS) disse que votou consciente em 2015 de que sua posição não apagaria os erros cometidos e para não prejudicar o país, posicionamento semelhante ao dos peemedebistas Dário Berguer (SC) e Garibaldi Alves (RN). Procurados, os deputados Jovair Arantes e Eduardo Cunha não responderam. Romero Jucá também não retornou. 

Lula deve desistir de cargo para evitar demissão

Blog do Josias de Souza
Lula foi aconselhado por amigos a desistir do cargo de ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República. Sensibilizou-se com a ponderação de que não pode se submeter ao constrangimento de ser exonerado por Michel Temer caso o Senado aprove o afastamento de Dilma Rousseff.
Até 17 de março, Lula era apenas um ex-presidente da República. Nesse dia, assumiu a condição de vexame ao ser anunciado, em cerimônia no Planalto, como ministro de Dilma, a sucessora que ele fabricou, elegeu e reelegeu. Alegou-se que Lula seria coordenador político. Em verdade, fugia da caneta de Sérgio Moro.
Decorridos dois meses e meio, Lula ainda não conseguiu sentar na poltrona. Sua nomeação foi suspensa por uma liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF. Há 12 dias, o Supremo adiou, sem prazo determinado, o julgamento da legalidade do ato de Dilma. O procurador-geral Rodrigo Janot defende a anulação.
Estima-se que o Senado aprovará na semana que vem o afastamento de Dilma por até seis meses. Temer assumirá a Presidência com plenos poderes. Já escolheu o amigo Eliseu Padilha para ocupar a poltrona que Lula não conseguiu esquentar. Daí a discussão sobre a necessidade de Lula se antecipar ao impeachment.
De um modo ou de outro, Lula perderá o privilégio de foro. Ficará sem efeito um despacho do ministro Teori Zavascki, que mandara subir de Curitiba para o Supremo os inquéritos contra Lula, até que fossem dissolvidas as dúvidas quando à legalidade de sua nomeação. Lula ficará novamente submetido aos rigores de Sérgio Moro. E não será o único petista a entrar no raio de ação do juiz da Lava Jato. Sem os respectivos cargos, os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Edinho Silva (Comunicação Social da Presidência) migrarão de Brasília para a ‘República de Curitiba.’

Impedimento de Cunha pode ser seguido pelo de Renan

A possibilidade de o STF (Supremo Tribunal Federal) afastar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados por estar na linha de sucessão presidencial, sendo réu, ou de declarar que ele não pode assumir a Presidência da República no lugar de Michel Temer pelo mesmo motivo, pode atingir num segundo momento o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A avaliação é de Mônica Bergamo, hoje na sua coluna da Folha de S.Paulo.
Lembra a colunista que Renan é investigado em cerca de uma dezena de inquéritos. Caso o STF aceite alguma das denúncias contra ele, se transforma em réu – como Eduardo Cunha.
Ministros do STF têm ponderado que Renan é, hoje, fator de estabilidade política, já que é considerado experiente negociador no Congresso.

Temer pode procurar Lula após impeachment no Senado

Folha Painel
Michel Temer deve procurar Lula tão logo o Senado admita o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Em conversas reservadas, o vice tem dito que a contribuição do PT “seria de extrema importância” para garantir estabilidade a um novo governo.
Na avaliação do PMDB, o petista é fundamental para segurar a pressão das ruas. Lula sabe que terá dificuldade para se posicionar contra a agenda econômica de Temer. Afinal, Henrique Meirelles era seu nome para a Fazenda há tempos.
É consenso no PT que o partido será cobrado se, no Congresso, votar contra medidas que resgatem a economia brasileira da UTI.
“Não se pode mais dividir a sociedade entre nós e eles”, diz um interlocutor do vice.
“Michel Temer não precisará do PT para garantir sua governabilidade no Congresso. Nós e eles sabemos disso. A aproximação não faria qualquer sentido”, diz um dirigente petista.
Integrantes do PT que ainda mantêm relações com Marta Suplicy fizeram chegar à senadora a avaliação de que seu discurso contra Dilma no ato da Força Sindical foi “acima do tom”.

Coluna da segunda-feira

   Um caminho sem volta 
O processo do impeachment da presidente Dilma entra na sua reta final. Hoje e amanhã, a comissão especial do Senado ouve convidados para defender e acusar, nomes aprovados na semana passada pelas bancadas de Governo e oposição. Na quarta e quinta, será lido e discutido o relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), pela aprovação do impedimento da petista.
Na sexta, 6, a comissão se reúne para aprovar o relatório, cujo placar já está definido: dos 21 senadores que integram a comissão, 16 votarão a favor e apenas cinco contra. Este é o tamanho do núcleo governista, testado, inicialmente, quando foi contestada a escolha do relator. Na votação, Anastasia teve seu nome aprovado por 16 votos e apenas cinco senadores, do PT, PCdoB e PDT, se posicionaram contra.
Por mais que os senadores governistas façam protestos, tentem procrastinar o máximo, o fato é que não há mais a menor condição de o Governo reverter a tendência de aprovação do relatório também no plenário do Senado, semana que vem, dia 11. Hoje, segundo levantamento do jornal Estado de São Paulo, 51 senadores revelaram que votarão pela admissibilidade.
Os aliados do vice-presidente Michel Temer trabalham, entretanto, para que sejam alcançados 54 votos, já no dia 11, placar exigido para afastar, definitivamente, a presidente na etapa final, contados os 180 dias que terá direito para fazer a sua defesa. Regularmente, são os dois terços exigidos pela Constituição.
Temer e o PMDB estão tão seguros de que o impeachment é um caminho sem volta que algumas medidas de impacto já foram estudadas e definidas para anunciar no dia 12, dia em que Dilma se afasta do Planalto. Entre o que ficou acertado, a demissão imediata de todos os ministros e petistas que ocupem cargos no Governo.
A venda de 49% do controle de algumas estatais, como os Correios, a Infraero e a Eletrosul. Também um plano radical para zerar um rombo nas contas do Governo estimado, hoje, em torno de R$ 97 bilhões, além da redução dos atuais ministérios de 32 para 26. Para tocar tudo isso, Temer já definiu o seu czar da economia, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que terá autonomia para escolher o novo presidente do BC. Meirelles contará com o senador José Serra auxiliando-o na política de mercado externo.
CORTES E DÉFICIT – Para eliminar o déficit de R$ 96,6 bilhões em seu eventual Governo, o vice-presidente Michel Temer recebeu um plano elaborado pela Federação das Indústrias de São Paulo, Fiesp. A proposta passa por cortes, cancelamento de reajustes do funcionalismo, venda de parte de empresas estatais e mudanças na Previdência. Inclui corte de 68% nos investimentos no Orçamento de 2016 e corte de 25% nos gastos de custeio, que envolve material de consumo, diárias, passagens e serviços.
CREUZA E NINHO DEPUTADOS - Na hipótese dos deputados Raul Jungmann (PPS) e Augusto Coutinho (SD) virarem ministros no Governo Temer, respectivamente de Defesa e Trabalho, como tem sido especulado, assumem suas vagas como quinto e sexto suplentes na bancada federal pernambucana a ex-prefeita de Salgueiro, Creuza Pereira (PSB), e o ex-prefeito de Igarassu, Severino Ninho (PSB). O ex-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, também tem chances de conquistar um mandato de federal se Mendonça Filho emplacar o Ministério da Educação.

Duas pastas tucanas - No âmbito do PPS, a preferência do núcleo paulista para o Ministério recai no nome do deputado Roberto Freire, mas o espaço não seria a Defesa e sim Cultura. Na seara do PSDB, que já indicou José Serra para Relações Exteriores, o segundo ministro tucano seria o deputado pernambucano Bruno Araújo. Na divisão do bolo sobraria para ele Ciência e Tecnologia ou Direitos Humanos. Aécio Neves não quer indicar ninguém de Minas nem da bancada mineira no Congresso.
Lula citado - Em suas alegações finais ao Conselho de Ética do Senado, o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) diz que foi “explorado para benefícios de terceiros” e cita o ex-presidente Lula e Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Delcídio responde a um processo no colegiado por suposta quebra de decoro por ter sido flagrado em uma gravação negociando um plano de fuga para o ex-diretor da estatal, alvo da Operação Lava Jato. No documento, protocolado na sexta-feira passada, a defesa classifica a representação apresentada no conselho contra Delcídio de “fantasiosa”, “confusa” e “estapafúrdia” e pede a anulação do processo alegando não haver provas.
Aval republicano - Deputado federal licenciado, o secretário estadual de Transportes, Sebastião Oliveira, votou, ontem, na convenção nacional do PR, em Brasília, na chapa consensual, encabeçada pelo ministro Antônio Carlos Rodrigues (Transportes). E ganhou do novo comando republicano carta branca para fazer as mudanças da executiva estadual na condição de novo presidente do diretório pernambucano. Sebastião também vai avançar nas composições em relação às eleições municipais nos principais colégios eleitorais.

CURTAS
VINGANÇA - O deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) afirmou durante evento da Força Sindical no Dia do Trabalho, em São Paulo, que o anúncio do "pacote de bondades" que a presidente Dilma Rousseff anunciou "parece vingança" e "tentativa de sabotar Temer". "Esse aumento deveria ter sido feito antes", disse Paulinho da Força. "Agora parece um pouco de vingança e uma tentativa de sabotar o próximo governo”, acrescentou.
NÚCLEO DURO - Depois de definir os integrantes da equipe econômica e do grupo palaciano, Michel Temer vai intensificar as negociações com os partidos para definir o primeiro escalão de um eventual governo. Para o núcleo duro, Temer já escolheu os seus fiéis escudeiros, apelidados de "três mosqueteiros": os ex-ministros Eliseu Padilha para a Casa Civil; Geddel Vieira Lima, para a Secretaria de Governo; e Moreira Franco, para uma assessoria especial que cuidará de privatizações, concessões e PPPs.
Perguntar não ofende: Depois de novas denúncias envolvendo Romero Jucá, Temer ainda o escolherá para o Planejamento?

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