Polícia Federal vai ouvir ex-diretor da Petrobras
Estadão Conteúdo.
A
Polícia Federal vai ouvir o ex-diretor da área internacional da
Petrobras, Nestor Cerveró, como testemunha sobre o caso da Refinaria de
Pasadena, no Texas (EUA), negócio que está sob investigação por suspeita
de superfaturamento. De acordo com reportagem do Estado de S. Paulo, a
disposição de contar sua versão sobre o assunto é que fez a polícia
decidir ouvi-lo nesta fase do inquérito, em que estão sendo reunidos
documentos sobre o caso.
Cerveró protocolou ontem (2), na Polícia
Federal, na Câmara dos Deputados e no Senado carta na qual se oferece
para prestar esclarecimentos. "Estou à disposição para prestar os
esclarecimentos que se fizerem necessários sobre minha participação, à
época, como diretor internacional, bem como sobre toda a tramitação do
processo aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras e, ainda,
demais fatos que atestam a lisura do meu procedimento", escreveu o
ex-diretor.
O executivo foi acusado pela presidente Dilma
Rousseff (PT), por meio de nota, de ter encaminhado ao conselho de
administração, na época presidido por ela, um resumo "técnica e
juridicamente falho" sobre a Refinaria de Pasadena, que balizou a
aprovação do negócio pelo colegiado. A presidente disse ainda que se
tivesse tido conhecimento de cláusulas do contrato que lhe foram
"omitidas" pela diretoria de Cerveró, "seguramente não seriam aprovadas
pelo conselho."
A manifestação da presidente foi em resposta a
questionamento sobre seu voto favorável à compra da refinaria, em 2006.
Até então, se sabia apenas que o conselho havia aprovado a compra, mas a
manifestação dos seus membros a respeito era mantida em sigilo. Havia a
possibilidade de a presidente ter se manifestado contra, mas ter sido
voto vencido, o que não ocorreu.
Cerveró, entretanto, afirmou
hoje (3), por meio de advogados, que a presidente Dilma Rousseff recebeu
cópia de todo o processo envolvendo a Refinaria de Pasadena quinze dias
antes de ter votado favorável ao negócio, assim como os demais membros
do conselho, versão que deve confirmar à Polícia Federal e ao Congresso
Nacional. A interlocutores, o ex-diretor afirmou que está disposto a
confrontar a presidente em nome de sua carreira na estatal.
A
investigação da Refinaria de Pasadena pela Polícia Federal foi aberta no
início de março, após a Câmara dos Deputados criar uma comissão externa
para analisar negócios da empresa. A refinaria já era investigada pelo
Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público após a revelação
de que custou à estatal US$ 1,2 bilhão, quando havia sido comprada, um
ano antes, pela empresa belga Astra Oil, por US$ 42,5 milhões.
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