quarta-feira, 5 de junho de 2013

Eduardo diz que recursos de obras não são de quem está no poder. Mas placas e publicidade demarcam paternidade

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Em Pesqueira, no Agreste, a 216 quilômetros do Recife: dia seguinte à assinatura da ordem de serviço da primeira etapa da Adutora do Agreste.
A obra promete abastecer 68 cidades da região, onde vivem 2 milhões de pessoas. À água virá da Transposição do São Francisco.
No total, estão estimados R$ 2,3 bilhões de recursos. Os investimentos são federais e também do estado.
A cerimônia de assinatura reuniu o governador Eduardo Campos e o ministro Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional.
Bezerra, garantiu a “presença” de Dilma Rousseff no ato que lotou o salão de um hotel em Pesqueira, atraiu prefeitos e lideranças da região.
O ministro fez o “contraponto” ao clima de campanha pró-Eduardo instalado no local pelo deputado Guilherme Uchoa (PDT), presidente do Legislativo estadual.
Uchoa, que pareceu fazer um discurso de “encomenda”, encheu o governador presidenciável de elogios e afirmou que a experiência do governo de Pernambuco merece ser estendida ao país.
As falas, inclusive as de Eduardo, trataram se destacar o empenho do estado em viabilizar a obra, mas houve também reconhecimento do papel da presidente Dilma.
O governador chegou a agradecer a confiança da petista em delegar ao estado a execução do projeto.
O clima, pelo menos publicamente, era de bandeira  branca entre Eduardo e sua intenção de concorrer ao Planalto e Bezerra e sua defesa da manutenção da aliança entre PT e PSB em torno da reeleição de Dilma em 2014.
Ambos “os lados” reconheceram o esforço conjunto das equipes do ministério e do estado para tirar o projeto do papel.
O ministro, diante da situação onde havia apenas dois petistas – o secretário de Transportes Isaltino Nascimento e o deputado Odacy Amorim – destacou os repasses federais para o estado desde o governo Lula e ao longo da gestão de Dilma.
Embora até então não tivesse sido tratada, Bezerra demarcou, no seu discurso, a paternidade federal em ações no estado.
A origem do recursos – afinal públicos, bancados pelo contribuinte – ocupou a fala do governador apenas na entrevista concedida após o evento.
Questionado como seria construir um discurso para uma possível candidatura ao Planalto mesmo estando executando projetos em parceria com Dilma, Eduardo sublinhou o aspecto da paternidade.
Disse que a população sabe que os recursos são do povo e não de quem está no poder.
E que o dinheiro do estado não é do governador e nem o dinheiro federal é da presidente.
Ou seja, o posicionamento não foi feito em confronto ao ministro, mas em resposta a uma pergunta na coletiva.
Aliás, embora vivam um momento de desconfiança por conta dos planos dissonantes em relação a 2012, Eduardo e Bezerra mantiveram a sintonia em público.
O ministro não poupou elogios à capacidade e a articulação política do governador.
Ainda na resposta sobre a possível contradição em querer a cadeira de Dilma emnbora mantenha parcerias exitosas com a petista, Eduardo reiterou que não trata de sucessão presidencial e que o assunto não está na sua agenda ou na do PSB
Declarou que o PSB está tranqüilo e tem unidade para discutir 2014 em 2014.
Ele questionou, porém, porque, mesmo dispondo de tempo, existe uma aflição para que o PSB decida agora o que fará em 2014.
E, sem afirmar de onde parte a reação, disse que há até mesmo truculência em relação à conduta do partido presidido nacionalmente por ele.
“Por que essa ansiedade, por que essa truculência muitas vezes? Isso é um direito democrático (debater o país)”.
A aflição certamente está entre petistas que têm se incomodado com as articulações de Eduardo rumo a 2014.
O governador, no entanto, não quis indicar a autoria da truculência.
Após a assinatura da ordem de serviço da adutora antecipou a contradição que o governador socialista viverá em 2014, caso confirme sua candidatura.
Obras como as que serão executadas no Agreste têm selo da aliança PT e PSB. E como dizer ao eleitor que irá “fazer mais” se em boa parte das obras tem recursos verde amarelos?
Ainda que a população saiba que o dinheiro é público, como diz Eduardo, sobram placas e anúncios repletos de referências a quem está executando os projetos.
Ah, no final da cerimônia, encontrei com Bezerra. Ele parecia satisfeito com a missão de ter marcado terreno em favor de Dilma.
Ao se despedir, repetiu números de repasses federais para Pernambuco. “Agora é que vem mais”, disse.

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