terça-feira, 8 de outubro de 2013

PT aposta em desentendimento entre Marina e Eduardo
















Os petistas voltaram segunda-feira (7) a Brasília com um discurso pronto sobre o impacto da aliança de Marina Silva (PSB) com o governador Eduardo Campos (PSB): todos perderam com esse arranjo político, menos a presidente Dilma Rousseff (PT), que ainda pode se eleger no primeiro turno.
Em reuniões com o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, ou em discursos no plenário, os petistas reclamaram da atuação de Marina, que anunciou guerra ao PT e ao “chavismo”, e ainda apostam em um desentendimento entre a ex-ministra e o governador pernambucano no início do ano que vem, quando devem definir quem será cabeça de chapa nas eleições de 2014.

“A esperteza, quando é demais, come o dono. O Eduardo Campos agora tem em casa uma pessoa com 25% das intenções de voto e que fala com a sociedade e não com as lideranças partidárias”, reagiu um dirigente petista.

Pego de surpresa com a decisão de Marina de se filiar ao PSB, o PT aguarda as pesquisas de intenção de voto para ver o impacto da aliança no eleitorado. Integrante do diretório nacional e um quadro histórico da corrente majoritária da sigla, Francisco Rocha, o Rochinha, foi na linha de ataque a Eduardo Campos, tentando vincular a imagem do ex-aliado ao falecido senador Antônio Carlos Magalhães, apelidado de “Toninho Malvadeza”.

“Digamos que os institutos de pesquisa continuem aferindo a posição da ‘ex-candidata’ na disputa eleitoral e ela venha a superar o candidato ‘Dudu Malvadeza’ nessas aferições. Conhecendo a Marina e o ‘Dudu Malvadeza’, tenho certeza de que a história registrará um verdadeiro angu de caroço dentro do PSB”, disse Rochinha.

O ex-líder do PT no Senado Federal, Humberto Costa (PT), avalia que a grande ganhadora dessa reviravolta é a presidente Dilma Rousseff, que ainda pode ganhar no primeiro turno, já que, os votos de opinião, a ex-senadora não leva consigo. “Houve dois grandes perdedores. Marina perde o discurso de modernidade, porque resolveu da forma mais tradicional possível. Aécio Neves (PSDB-MG) perde porque a disputa vai ficar polarizada entre Dilma e Eduardo Campos, que, momentaneamente, ganhou espaço na mídia que não tinha.”

O deputado federal Fernando Ferro (PT) foi à tribuna numa reação ao discurso de Marina Silva, que disse ter sido vítima de chavismo, referindo-se ao alto índice de rejeição de assinaturas de apoio à criação da Rede Sustentabilidade em cartórios do ABC Paulista, reduto do PT.
“Esse discurso do chavismo petista é conservador, usado pela velha direita, parece que a Marina está com raiva do PT. Mas a decisão de ir para o PSB foi uma jogada política competente, uma novidade positiva. Uma chapa a mais no campo progressista levará o PT a refinar seu discurso e inovar também, sem ficar apenas no discurso econômico”, disse Ferro.

O líder do PT na Câmara Federal, deputado José Guimarães (CE), também reagiu às críticas de Marina: “A ex- senadora Marina falar mal do chavismo é um tiro no pé, pela trajetória dela, pela trajetória da esquerda brasileira. A esquerda brasileira sempre teve profunda identificação ideológica com Chávez, com o chavismo na Venezuela. De repente se muda tudo? É o caminho da direita”.

O PT pretende agora explorar a filiação ao PSB de políticos egressos do DEM, como o ex-senador Heráclito Fortes (PI) e Paulo Bornhausen (SC), para tentar desgastar a ex-ministra Marina Silva. A suposta contradição de Marina foi levantada pelo presidente do PT, Rui Falcão, em reunião na noite de ontem com senadores do partido.

“No PSB tem entrado pessoas como o Heráclito Fortes e o Bornhausen. Isso dificulta a história que a Marina construiu dentro do PT”, disse um senador petista, ao relatar a análise de conjuntura feita pelo presidente do partido.
O Globo.

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