terça-feira, 22 de outubro de 2013

Temas trazidos pela “nova política” são essenciais à vida pública, mas sem reforma política não passarão de intenções

Duas semanas se passaram do anúncio da aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva. E a sucessão presidencial tomou novo rumo.
O socialista se fortaleceu com o apoio da ex-senadora e, junto com ela, montou uma ofensiva que desestabilizou a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição e mesmo a postulação de Aécio Neves (PSDB), até então principal nome da oposição.
Desde a coletiva em que tornaram publica a parceria, os dois ocuparam todos os espaços possíveis na mídia convencional, assim como nas redes sociais.
Concederam entrevistas, escreveram artigos, conseguiram capas de revistas e sites.
Suas assessorias rechearam contas de Twitter e Facebook de posts referentes a declarações e “pensamentos” de ambos.
Enfim, a união que até agora se mantém como principal fato político-eleitoral do ano, vem sendo, com toda razão, supervalorizada pelos personagens principais e pelos que gravitam em torno dela.
O desafio agora é concretizar, com ações, o discurso da “nova política” adotado como marca do pacto firmado entre PSB e Rede.
Além de afastar a possibilidade de ter o “agrodeputado” Ronaldo Caiado (DEM-GO) como aliado, não há maiores evidências do que isso quer dizer exatamente.
Partidos que historicamente afiançam apoio em troca de cargos serão, de fato, rejeitados na aliança? Como governar sem ceder à chantagem do Congresso?
E como exercitar a tese de Marina (publicada em artigo na sexta-feira), segundo a qual “numa agenda pactuada com a sociedade, compartilhando poder e responsabilidades, podemos criar um campo virtuoso em que a democracia é o ambiente no qual se gera mais democracia”?
Os temas trazidos à baila podem gerar debates essenciais à vida pública. Mas sem uma reforma política aprofundada não sairão do âmbito das intenções. Ou das conveniências eleitorais.

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